O mercado financeiro é frequentemente associado a altos desafios, competitividade e oportunidades de crescimento. Para muitos profissionais que buscam construir suas carreiras nesse setor, a meritocracia pode ser vista como um fator determinante para o sucesso. Mas será que esse princípio realmente se aplica de maneira justa e eficaz no mundo financeiro? A busca por reconhecimento baseado no esforço, competência e resultados pode ser uma realidade para alguns, enquanto outros enfrentam barreiras estruturais que dificultam sua ascensão. Neste contexto, é fundamental analisar como a meritocracia se manifesta dentro do mercado financeiro e quais são os reais critérios que impulsionam o desenvolvimento profissional nesse ambiente dinâmico e exigente.

O que é meritocracia?

A meritocracia é um sistema social no qual o sucesso de um indivíduo depende principalmente de seus próprios méritos, como esforço, conhecimento e habilidades. O termo vem do latim meritum (mérito) ser digno ou merecer, e do grego kratos (poder).

Entretanto, a expressão acima interpretada de forma literal pode significar o poder do mérito. Podemos dizer também que é o alcance do poder por meio do mérito.

A ideia de meritocracia foi popularizada no século XX pelo sociólogo britânico Michael Young, que cunhou o termo em seu livro, (A Ascenção da Meritocracia) The Rise of Meritocracy

O mérito que se tem por direito, vem da percepção de valor que se cria para as outras pessoas.

A meritocracia não julga o indivíduo, mas sim o valor que o próprio indivíduo cria, para a sociedade. É a partir deste conceito que o termo meritocracia estabelece princípios de igualdade entre os indivíduos.

Meritocracia e a Holocracia

Já a holocracia diferentemente propõe uma estrutura descentralizada, onde decisões são tomadas coletivamente e não por hierarquias fixas.

No mercado financeiro, essa abordagem pode aumentar a colaboração e a agilidade nos negócios. Contudo, sem uma organização eficiente, desafios podem surgir na distribuição de responsabilidades. É preciso um equilíbrio entre autonomia e gestão estruturada.

Por que há dificuldade em existir meritocracia em todas as áreas do mercado de trabalho?

A meritocracia busca a igualdade de oportunidades, permitindo que qualquer pessoa seja recompensada pelo valor agregado. Isto é, com base em seu desempenho, quanto mais esforço, qualificação e competência, maiores as recompensas de forma igualitária a qualquer indivíduo.

No entanto, críticos apontam que, em sociedades com desigualdades estruturais, como o Brasil, fatores como condição social e acesso à educação podem limitar a aplicação real desse princípio.

Valor como forma de recompensa

Devemos entender que para as pessoas, a ideia de valor necessariamente não se restringe somente a recursos financeiros. Porém quando temos uma saúde financeira equilibrada, longe de dividas, sem preocupações, a reserva de tempo gerada pode ser direcionada para a família e condições de escolher atividades que proporcionem experiências agradáveis e edificantes para saúde física e mental.

Nesse sentido tudo que mais queremos é ser recompensado pelo valor que proporcionamos a outras pessoas.

Mercado Financeiro e a Meritocracia

O mercado financeiro e a meritocracia estão interligados de forma bem expressiva. No setor financeiro, a ideia de meritocracia é frequentemente usada para justificar a ascensão profissional baseada no desempenho individual, habilidades técnicas e capacidade de gerar resultados.

De fato, existem profissionais no mercado financeiro. Estas pessoas estão divididas em diferentes classes, seus ambientes de trabalho estão estruturados de forma a premiar o desempenho e a competência, a fim de aderirem a princípios meritocráticos.

Embora a cultura meritocrática possa variar de instituição para instituição, seguem alguns exemplos de profissionais que, em geral, têm suas carreiras pautadas em resultados e na superação de metas:

Assessor de investimentos

Orientam clientes na alocação de recursos, elaborando estratégias de investimento personalizadas. A carreira costuma ser baseada em certificações (como a exigida pela ANCORD)

Analista de investimentos e de mercado

Realizam pesquisas, monitoram cenários econômicos e aconselham sobre oportunidades de investimento. Seus critérios de avaliação incluem a qualidade das análises, a capacidade de prever tendências e o impacto de suas recomendações no desempenho dos ativos

Trader

Operam nos mercados financeiros realizando operações baseadas em análises técnicas e fundamentalistas. Seu desempenho é frequentemente mensurado por métricas quantitativas

Gestor de Portfólio e de Fundos

Tomam decisões estratégicas de investimento para gerir carteiras de ativos. Sua carreira evolui conforme a eficácia na geração de retornos consistentes e na gestão de riscos, sendo o sucesso medido diretamente pelos resultados obtidos para os clientes e para a instituição

Especialista em Risco, Compliance e Finanças Corporativas

Algumas dessas áreas os desafios estejam relacionados ao monitoramento e controle dos processos, a responsabilidade e a exigência por resultados – como a eficácia em identificar riscos ou propor soluções financeiras estratégicas, também podem ser avaliadas de forma meritocrática, onde a evolução na carreira depende da acurácia e do impacto das análises realizadas.